Saúde mental e migração em Roraima:
considerações sobre um fenômeno crescente
DOI:
https://doi.org/10.18227/2317-1448ted.v27i01.7813Palabras clave:
Migração internacional, Saúde Mental, Síndrome de Ulisses, RoraimaResumen
O presente artigo objetiva compreender sobre as possíveis consequências à saúde mental enfrentadas pelos sujeitos em processo migratório. A partir da realização de uma revisão bibliográfica de pesquisas em relação à temática, é realizada uma análise sobre os principais impactos do processo migratório na saúde mental do sujeito migrante. Como referências bibliográficas centrais aparecem os trabalhos desenvolvidos por Joseba Achotegui, Lucienne Martin-Borges, e materiais publicados pela própria OMS sobre a temática. Com base nesses autores, realiza-se a discussão em relação às principais dificuldades enfrentadas, os processos de lutos vividos nesse trajeto e os principais sintomas desenvolvidos nesse contexto. Tomadas como centrais para a análise a ser realizada, são elencadas as principais características apontadas por Achotegui, naquilo que ele denomina de Síndrome do Imigrante com Estresse Crônico e Múltiplo ou apenas Síndrome de Ulisses. Tal síndrome é hoje reconhecida pelas organizações internacionais que tratam de questões migratórias, de forma que uma maior discussão acerca da temática se faz importante e necessária, tanto para ampliar os debates, de modo a apontar meios de lidar com as questões de saúde mental dessa população, bem como para evitar manejos clínicos de culpabilização e medicalização do sujeito, ampliando o debate de ações a serem consideradas no apoio às populações afetadas. Dessa forma, tais apontamentos são também utilizados como base para realizar a crítica à medicalização do sofrimento vivido por esses sujeitos, de forma que é frisada a importância de sua não patologização, sendo o sintoma considerado como reflexo das condições objetivas e sociais enfrentadas. Por fim são elencados os dados sobre as ações de incentivo e sobre a rede de apoio à saúde mental da população migrante no Brasil, e mais especificamente no estado de Roraima, que demanda especial atenção devido à intensificação na chegada de milhares de migrantes venezuelanos nos últimos anos, ingressando no país através da fronteira entre os dois países.
Citas
ACNUR; ONU MULHERES; UNFPA; GOVERNO DE LUXEMBURGO. Oportunidades e desafios à integração local de pessoas de origem venezuelana interiorizadas durante a pandemia de Covid-19. 2022. Disponível em: < https://www.onumulheres.org.br/pesquisamoverse/ >. Acesso em: 30 Mar. 2023.
ACHOTEGUI, Joseba. “Estrés Límite y Salud Mental: El Síndrome del Inmigrante com Estrés Crónico y Múltiple (Síndrome de Ulises)”, Revista “Norte” de
salud mental de la Sociedad Española de Neuropsiquiatría, V, 21, 2004, p. 39-53.
ACHOTEGUI, Joseba. Estrés límite y salud mental: el síndrome del inmigrante con estrés crónico y múltiple (Síndrome de Ulises). Migraciones. Publicación del Instituto Universitario de Estudios sobre Migraciones, n. 19, 2006, p. 59-85.
AMARANTE, Paulo. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007
BIRMAN, Joel. Mal-estar na atualidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999
CASTLES, Stephen; Mark J. MILLER. The Age of Migration - International Population Movements in the Modern World. 4ª edição. Londres: Macmillan, 2009.
DELLA PASQUA, Leonardo, Dal Molin, Fábio ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E PSICOLÓGICAS DO
PROCESSO MIGRATÓRIO. REMHU - Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana. 2009, 17(32), 101-116
FACUNDO, Á. Êxodos, Refúgios e Exílios: Colombianos no Sul e Sudeste do Brasil. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens, 2017. P. 177 – 203.
MARTINS-BORGES, Lucienne. Migração involuntária como fator de risco à saúde mental. REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana. 2013, v. 21, n. 40, pp. 151-162.
MODESTO, Macarena Williamson. Sentir em movimiento: mujeres salvadoreñas sobre la vida cotidiana y el transito migratório por Tapachula, Estado de Chiapas, México. Cadernos de Campo: revista de ciências sociais. Araraquara. Nº 30. P. 239-263. Jan/Jun. 2021.
OIM. DTM Brasil: Monitoramento do Fluxo da Migração Venezuelana. Rodada nº 7. Março 2023. Disponível em < https://brazil.iom.int/sites/g/files/tmzbdl1496/files/documents/2023-03/OIM%20DTM%207.pdf . Acesso em 30 Mar. 2023.
OIM, MJSP. Assistência em Saúde Mental e Atenção Psicossocial à População Migrante e Refugiada no Brasil: a rede de apoio da sociedade civil. 2021.
OIM. OIM realiza atividades de apoio à saúde mental para refugiados e migrantes em Boa Vista. Acesso em 11 Jan. 2022. Disponível em < https://www.migrante.org.br/migracoes/oim-realiza-atividades-de-apoio-a-saude-mental-para-refugiados-e-migrantes-em-boa-vista/ >
OMS. Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS/HWO). 22 Jul. 1946. Disponível em < https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5733496/mod_resource/content/0/Constitui%C3%A7%C3%A3o%20da%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial%20da%20Sa%C3%BAde%20%28WHO%29%20-%201946%20-%20OMS.pdf > Acesso em 31 Mar. 2023
OLIVEIRA, T S. Bergmann, D S. Melo, G P. Lima, J B B. Silva, J C S. Nogueira, R N S M. Grupo Intercultural: Uma proposta para ressignificar os impactos da crise migratória na saúde mental de imigrantes de brasileiros em Roraima. Saúde em Redes. 2019; 5(2). Pag. 343-351.
Projeto da OPAS fortalece capacidades em saúde mental e apoio psicossocial para migrantes em Boa Vista, Roraima. Organização Panamericana de Saúde. Acesso em 11 Jan. 2022. Disponível em < https://www.paho.org/pt/historias/projeto-da-opas-fortalece-capacidades-em-saude-mental-e-apoio-psicossocial-para-migrantes >
REIS, M. Como foi contribuir para as ações de saúde mental no contexto de Roraima. Médicos sem fronteiras. Nov, 2019. Acesso em 11 Jan. 2022. Disponível em < https://www.msf.org.br/diarios-de-bordo/como-foi-contribuir-para-acoes-de-saude-mental-no-contexto-de-roraima/ >
SEGRE, Marco e Ferraz, Flávio Carvalho. O conceito de saúde. Revista de Saúde Pública [online]. 1997, v. 31, n. 5
SILVA, J C L. Padilha, N S. Lamy, M. A “SÍNDROME DE ULISSES” E A MEDICALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS. Revista Jurídica. Blumenau. V. 24. Nº 54. Ago. 2020.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis/RJ: Vozes, 2000
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Textos e Debates

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los derechos autorales para los artículos publicados son del autor, con derechos del periódico sobre la primera publicación. Los autores sólo podrán utilizar los mismos trabajos en otras publicaciones indicando claramente este periódico como el medio de la publicación original. Se permite el uso gratuito de los artículos en aplicaciones educativas y científicas, desde que citada la fuente.



