A MONOPOLIZAÇÃO DO TERRITÓRIO PELA CAFEICULTURA
A IMPORTÂNCIA DAS COOPERATIVAS E PRONAF EM CAMPOS GERAIS-MG
Palavras-chave:
agricultura familiar, cafeicultura, cooperativas, PronafResumo
A produção agrícola para o mercado internacional e suas cadeias agroindustriais é vista por muitos como uma divisão social do trabalho que majoritariamente inclui grandes empresas e grandes proprietários de terras. Entretanto, mais recentemente e em algumas regiões brasileiras parece estar ocorrendo uma mudança nos paradigmas produtivos, incluindo boa parte da agricultura familiar nesse processo produtivo como a base subordinada de toda a cadeia. O município de Campos Gerais, em Minas Gerais, destaca-se pela especialização na produção de café, na qual a agricultura familiar desempenha papel central no cultivo do grão. Nessa região, as cooperativas atuam como mediadoras entre os produtores locais e o mercado global, configurando redes de intermediação que conectam escalas geográficas distintas gerando novas tensões territoriais. Diante desse cenário, este estudo investiga o papel das cooperativas nesse processo, considerando sua interação com o PRONAF enquanto política pública voltada ao fortalecimento da agricultura familiar. Argumenta-se que a interdependência entre estratégias de sobrevivência dos agricultores, incentivos estatais à exportação e o cooperativismo resulta em uma dinâmica de “cooperação para a competição”, na qual os agricultores familiares ocupam a base fragilizada da cadeia produtiva. Além das implicações econômicas para essas famílias, esse modelo contribui para a commoditização do espaço rural e representa um entrave à segurança alimentar da população.
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