Autoetnografia em Relações Internacionais
uma discussão ética-metodológica desde uma trajetória pessoal
DOI:
https://doi.org/10.18227/2317-1448ted.v28i02.7993Palavras-chave:
Autoetnografia, Ética, Povos indígenasResumo
Este trabalho aborda as possibilidades da autoetnografia como protocolo ético para a atuação acadêmica envolvendo povos indígenas, diante da urgente tarefa de descolonizar a Universidade e o conhecimento científico. Ressoando com a recente Virada Narrativa em Relações Internacionais, o sujeito-professor apresenta-se em seus comprometimentos corporais e afetivos, e dispõe-se a analisar as consequências dessas circunstâncias. A discussão ora proposta se dá em duas partes. Na primeira, João Urt transita entre autoetnografia, autobiografia e autoficção para abordar dez anos de sua história atuando com indígenas - estudantes, lideranças, territórios e temáticas. Na segunda, Tchella Maso parte do relato dessa trajetória pessoal rumo a um giro afetivo-reflexivo, cujas implicações são objeto de uma reflexão crítica, epistemológica, metodológica e ética. O trabalho se fundamenta num encontro entre reflexões de autoras indígenas e a antropologia feminista, mais especificamente em seus usos da escrita em primeira pessoa como mecanismo ético para questionar as estruturas de poder.
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