Autoetnografia em Relações Internacionais

uma discussão ética-metodológica desde uma trajetória pessoal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18227/2317-1448ted.v28i02.7993

Palavras-chave:

Autoetnografia, Ética, Povos indígenas

Resumo

Este trabalho aborda as possibilidades da autoetnografia como protocolo ético para a atuação acadêmica envolvendo povos indígenas, diante da urgente tarefa de descolonizar a Universidade e o conhecimento científico. Ressoando com a recente Virada Narrativa em Relações Internacionais, o sujeito-professor apresenta-se em seus comprometimentos corporais e afetivos, e dispõe-se a analisar as consequências dessas circunstâncias. A discussão ora proposta se dá em duas partes. Na primeira, João Urt transita entre autoetnografia, autobiografia e autoficção para abordar dez anos de sua história atuando com indígenas - estudantes, lideranças, territórios e temáticas. Na segunda, Tchella Maso parte do relato dessa trajetória pessoal rumo a um giro afetivo-reflexivo, cujas implicações são objeto de uma reflexão crítica, epistemológica, metodológica e ética. O trabalho se fundamenta num encontro entre reflexões de autoras indígenas e a antropologia feminista, mais especificamente em seus usos da escrita em primeira pessoa como mecanismo ético para questionar as estruturas de poder.

Biografia do Autor

João Nackle Urt, Universidade Federal de Roraima; Assessoria Internacional do Ministério do Povos Indígenas

Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, professor de Relações Internacionais na Universidade Federal de Roraima, atualmente atuando na Assessoria Internacional do Ministério do Povos Indígenas, em Brasília – DF.

Tchella Fernandes Maso, Universidade do País Basco; Universidade Federal de Roraima

Doutoranda em Estudos Feministas e de Gênero pela Universidade do País Basco, Espanha, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, professora de Relações Internacionais na Universidade Federal de Roraima.

Referências

ABU-LUGHOD, Lila. 2018. “A Escrita Contra a Cultura.” Equatorial 5 (8): 193–226. ANZALDUA, Gloria. 1987. La Frontera/ Borderlands. San Francisco: Aunt Lute.

BARKER, Adam J.; LOWMAN, Emma B. 2016. "The Spaces of Dangerous Freedom: Disrupting Settler Colonialism". In Sarah Maddison, Tom Clark and Ravi de Costa (Eds.), The Limits of Settler Colonial Reconciliation: Non-Indigenous People and the Responsibility to Engage, Singapore: Springer, p. 195-212.

BAUTISTA SEGALES, Rafael. 2014. La Descolonización de La Política: Introducción a Una Política Comunitaria.

BEIER, J Marshall. 2005. International Relations in Uncommon Places: Indigeneity, Cosmology, and the Limits of International Theory. New York: Palgrave Macmillan.

BUTLER, Judith. 2015. Relatar a Si Mesmo. Belo Horizonte: Autêntica Editora. Edição do Kindle.

CARVALHO, José Jorge de. 2001. “O Olhar Etnográfico e a Voz Subalterna.” Horizontes Antropológicos 7 (15): 107–47.

CAVARERO, Adriana. (2011). Vozes plurais: filosofia da expressão vocal. Belo Horizonte: UFMG.

CAVARERO, Adriana; BUTLER, Judith. 2007. “Condição Humana Contra ‘Natureza.’” Revista Estudos Feministas 15 (3): 650–62.

CLARK, Tom; DE COSTA, Ravi; MADDISON, Sarah. 2016. “Non-Indigenous People and the Limits of Settler Colonial Reconciliation”. In Sarah Maddison, Tom Clark and Ravi de Costa (Eds.), The Limits of Settler Colonial Reconciliation: Non-Indigenous People and the Responsibility to Engage, Singapore: Springer, p. 1-12.

CLIFFORD, James; MARCUS, George E. 1991. (Orgs.). Retóricas de la Antropología. Madrid: Ediciones Júcar.

ELLIS, Carolyn; ADAMS, Tony; BOCHNER, Arthur. 2019. Autoetnografía: un panorama. In: Silvia Calva, M. Bénard (eds). Autoetnografía: una metodología cualitativa. México: Universidad Autónoma de Aguascalientes; El Colegio de San Luis.

ESPÍNDOLA, Humberto. 2022. “Boi Society”. Pintura. Disponível em:

<https://conexaoplaneta.com.br/wp-content/uploads/2016/09/BOY-SOCIETY.jpg>. Acesso em 23/6/2022.

ESTEBAN, Mari Luz. 2013. Antropología Del Cuerpo: Género, Itinerarios Corporales, Identidad y Cambio. Barcelona: Edicions Bellaterra.

FAVRET-SAADA, Jeanne. 2005. “‘Ser Afetado’, Cadernos de Campo (São Paulo - 1991), [S. l.], v. 13, n. 13, p. 155-161.

FREIRE, Paulo. 1996. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra.

GAGO, Verónica. 2020. A Potência Feminista, ou o Desejo de Transformar Tudo. São Paulo: Editora Elefante.

GREINER, Christine. 2013. O Corpo: Pistas Para Estudos Indisciplinares. São Paulo: Annablume, 2013.

INAYATULLAH, Naeem; DAUPHINEE, Elizabeth. 2016. “Permitted urgency: A prologue”. In Naeem Inayatullah, Elizabeth Dauphinee (Eds.), Narrative Global Politics: Theory, history and the personal in International Relations, New York: Routledge, p. 1-4.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

LEAL, Natacha Simei. “Nóis é do Mato, mas nóis é moderno”: Notas etnográficas sobre uma exposição agropecuária. In: Menegazzo, Maria Adélia; Banducci Júnior, Álvaro (Orgs.). Travessias e limites: Escritos sobre identidade e o regional. Campo Grande: Editora UFMS, 2009.

LUGONES, María. 2014. “Colonialidad y Género: Hacia Un Feminismo Descolonial.” In Walter Mignolo (Ed.) Genero y Colonialidad. Buenos Aires, p 13–43.

MALUF, Sônia Weidner. 2001. “Corpo e Corporalidade nas Culturas Contemporâneas: Abordagens Antropológicas.” Esboços - Revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC 9 (9): 87–101.

MARTINS, José de Souza. 1996. “O tempo da fronteira. Retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da frente de expansão e da frente pioneira”. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 8(1): 25-70.

MEMMI, Albert. 1977. Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

MENDOZA, B. 2010. “La Epistemología Del Sur, La Colonialidad Del Género y El Feminismo Latinoamericano.” In Espinosa Miñoso, Yuderkys (org). Aproximaciones Críticas a Las Prácticas Teórico-Políticas Del Feminismo Latinoamericano. Buenos Aires: En la frontera, 2010, 19–39.

MOHANTY, Chandra Talpade. 2008. “De Vuelta a Bajo Los Ojos de Occidente : La Solidaridad Feminista a Través de Las Luchas Anticapitalistas.” In Suarez, Liliana; Hernandez, Rosalva (org). Descolonizando El Feminismo: Teorías y Prácticas Desde Los Márgenes. España: Cátedra.

POULIOT, Vincent; MÉRAND, Frédéric. 2013. “Bourdieu’s Concepts: Political sociology in international relations”. In: Rebeca Adler-Nissen (Ed.), Bourdieu in International Relations: Rethinking Key Concepts in IR. London and New York: Routledge, p. 24-44.

RAMBO RONAI, Carol. 2019. “Múltiples Reflexiones Sobre El Abuso Sexual Infantil: Un Argumento Para Una Narración En Capas.” In Calva, Silvia B. Autoetnografía Una Metodología Cualitativa. México: Universidad Autónoma de Aguascalientes; El Colegio de San Luis.

RIBEIRO, Djamila. 2019. Lugar de Fala (Feminismos Plurais). Kindle. Polen Livros.

ROLNIK, Sueli. 2007. Cartografia Sentimental, Transformações contemporâneas do desejo, Editora Estação Liberdade, São Paulo.

SEGATO, Rita. 2018. Contra-Pedagogías de la Crueldad. Buenos Aires: Editorial Prometeo.

SEGATO, Rita Laura. 2013. La crítica de la colonialidad en ocho ensayos. Buenos Aires: Prometeo.

SILVA, Priscila Elisabete da. 2017. “O conceito de branquitude: reflexões para o campo de estudo.” In Cardoso Muller (ed.), Branquitude: Estudos sobre a Identidade Branca no Brasil. Curitiba.

SMITH, Linda Tuhiwai. 2018. Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas. Trad. Roberto G. Barbosa. Curitiba: EdUFPR.

TYLER, S. 1991. “Etnografía postmoderna”. In: Clifford; Marcus. Retóricas de la Antropología. Madrid: Ediciones Júcar.

URT, João Nackle. 2016. “How Western Sovereignty Occludes Indigenous Governance: the Guarani and Kaiowa Peoples in Brazil”. Contexto Internacional vol. 38(3). doi 10.1590/S0102- 8529.2016380300007

URT, João Nackle. 2015. “Assuntos inacabados: Relações Internacionais e a Colonização dos Povos Guaran e Kaiowá no Brasil Contemporâneo”. Tese de doutorado. Universidade de Brasília.

VAINER, Lia. 2014. Entre o Encardido, o Branco e o Branquíssimo. Veneta. Edição Kindle.

VEINGUER, Aurora Álvarez; SEBASTIANI, Luca. 2020. “Inhabiting Research in the Neoliberal and Eurocentral University: Collaborative Ethnography as a Bet for the Common and Political Subjectivation.” AIBR Revista de Antropologia Iberoamericana 15 (2): 247–71.

ZARAGOCIN, Sofia. 2020. “La geopolítica del útero: hacia una geopolítica feminista decolonial en espacios de muerte lenta” en Cruz, Delma Tania; Jiménez, Manuel Bayón; Colectivo Miradas Criticas del Territorio desde el Feminismo (orgs). Cuerpos, Territorios y Feminismos. Compilación latinoamericana de teorías, metodologías y prácticas políticas. Quito: Abya Yala, Instituto de Estudios Ecologistas del Tercer Mundo, Bajo Tierra Ediciones y Libertad bajo palabra, p. 81-98.

Downloads

Publicado

10/12/2022

Como Citar

NACKLE URT, J. .; MASO, T. F. Autoetnografia em Relações Internacionais: uma discussão ética-metodológica desde uma trajetória pessoal. Textos e Debates, [S. l.], v. 28, n. 02, p. e7993, 2022. DOI: 10.18227/2317-1448ted.v28i02.7993. Disponível em: http://revista.ufrr.br/textosedebates/article/view/7993. Acesso em: 19 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos e Comunicações