Da costa africana à costa amazônica:

infortúnios nas rotas comercias da Companhia do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18227/2317-1448ted.v27i02.7868

Palavras-chave:

Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão., Africanos Escravizados., Infortúnios

Resumo

A Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, criada na segunda metade do século XVIII, visava desenvolver o comércio na Amazônia, por meio da venda de africanos e compra de gêneros. Durante o tempo em que a companhia exerceu o comércio entre as costas africana e amazônica houve diversos infortúnios, que afetaram diretamente a vida e a condição de saúde dos escravizados. Baseado na documentação do AHU, APEP e base slave voyages, este artigo busca analisar os infortúnios, especificamente doenças e mortes, que abateram homens, mulheres e crianças africanas no período em que a companhia pombalina teve o domínio comercial (1755-1778) na região amazônica. Essas fontes arquivísticas mostram que apesar dos infortúnios, constantemente bergantins, galeras, corvetas e outras embarcações ancoravam nos portos de Belém e São Luís para deixar escravizados aos colonos, em contrapartida levavam os gêneros agrícolas e extrativos para Lisboa.

Biografia do Autor

Benedito Carlos Costa Barbosa, Universidade Federal de Roraima

Doutor em História das Ciências e da Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Professor na Universidade Federal de Roraima (UFRR). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas da Escravidão e Abolicionismo na Amazônia (GEPEAM/UFPA)

Marley Antonia Silva da Silva, Instituto Federal do Pará (IFPA)

Doutora em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professora no Instituto Federal do Pará (IFPA). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas da Escravidão e Abolicionismo na Amazônia (GEPEAM/UFPA).

Referências

ALDEN, Dauril & MILLER, Joseph C. Out of Africa: The Slave Trade and the Transmission of Smallpox to Brazil, 1560-1831. Journal of Interdisciplinary History, vol. 18, n. 2, p. 195-224, 1987.

BARBOSA, Benedito Carlos Costa. Em outras margens do Atlântico: tráfico negreiro para o Estado do Maranhão e Grão-Pará (1707-1750). Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Pará, Belém, 2009.

___. No tempo das bexigas: rastros de uma epidêmica moléstia no Grão-Pará colonial (1755-1819). Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz, 2019.

BEZERRA NETO, José Maia. Escravidão negra no Grão-Pará (Sécs. XVII-XIX). Belém: Paka-Tatu, 2001, p. 26.

CARREIRA, António. As Companhias pombalinas de Grão-Pará, Maranhão, Pernambuco e Paraíba. 2 ed. Lisboa, Ed. Presença, 1983

___. A companhia geral do Grão-Pará e Maranhão: o comércio intercontinental Portugal-África-Brasil na segunda metade do século XVIII. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1988. 2 v.;

CHAMBOULEYRON, Rafael. Escravos do Atlântico equatorial: tráfico negreiro para o Estado do Maranhão e Pará (século XVII e início do século XVIII). Revista Brasileira de História, vol.26, n. 52, 2006;

CURTO, José C, GERVAIS, Raymond R. “A dinâmica demográfica de Luanda no contexto do tráfico de escravos do Atlântico sul, 1781-1844”, Topoi, Rio de Janeiro, março 2002, pp. 85-138, p.122.

FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p.144-145.

MACLACHLAN, Colin. “African slave trade and economic development in Amazonia, 1700-1800”. In: TOPLIN, Robert Brent (org.). Slavery and race relations in Latin America. Westport: Greenwood Press, 1974, pp. 112-45.

MEIRELES, Mário M. Dez estudos históricos. São Luís: ALUMAR, 1994 (Coleção Documentos Maranhenses).

MILLER, Joseph C. “A economia política do Tráfico Angolano de Escravos no século XVIII” In: PANTOJA, Selma & SARAIVA, José Flávio Sombra (orgs.) Angola e Brasil nas rotas do Atlântico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

NUNES DIAS, Manuel Nunes. Fomento e Mercantilismo: A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão (1775-1778). Belém, UFPA, 1970.

REIS, Arthur Cézar Ferreira. O negro na empresa colonial dos portugueses na Amazônia. Actas do Congresso Internacional de História dos Descobrimentos. Lisboa: Comissão Executiva das Comemorações da Morte do Infante Dom Henrique, vol. V, II parte, 1961, pp. 347-353.

RODRIGUES, Jaime. De costa a costa: marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de Janeiro (1780-1860). 1º edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 40.

SALLES, Vicente. O negro no Pará, sob o regime de escravidão. 3ª edição, ver. Ampl. Belém: IAP; Programa Raízes, 2005.

SALLES, Wesley Dartagnan. Lei das arqueações de 1684: por uma nova interpretação. Oficina do Historiador, v. 4, p. 75-95, 2011.

SILVA, Daniel B. Domingues. The Atlantic Slave Trade to Maranhão, 1680-1846: volume, routes an organization. Slavery an Abolition, vol. 29, No. 4 dezember 2008, pp. 477-501.

VERGOLINO-HENRY, Anaíza e FIGUEIREDO, Arthur Napoleão. A presença Africana na Amazônia colonial: uma notícia histórica. Belém: APEP, 1990.

VIANNA, Arthur. As epidemias no Pará. 2ª edição. Belém/PA: UFPA, 1975;

XIMENDES, Carlos Alberto. Sob a mira da Câmara: viver e trabalhar na cidade de São Luís (1644 a 1692). São Luís: Café & Lápis; Editora UEMA, 2013.

Downloads

Publicado

10/12/2021

Como Citar

COSTA BARBOSA, B. C.; SILVA DA SILVA, M. A. . Da costa africana à costa amazônica: : infortúnios nas rotas comercias da Companhia do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778). Textos e Debates, [S. l.], v. 27, n. 02, p. e7868, 2021. DOI: 10.18227/2317-1448ted.v27i02.7868. Disponível em: http://revista.ufrr.br/textosedebates/article/view/7868. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos e Comunicações