CIENCIOMETRIA APLICADA À PALEONTOLOGIA EM UNIDADES ESPELEOLÓGICAS BRASILEIRAS

Autores

Palavras-chave:

Espeleologia, Paleontologia, Cavidades Naturais, Fósseis, Cienciometria

Resumo

Devido à proteção contra a meteorização ao longo de extensos períodos de tempo, o interior das cavernas constitui um ambiente esplêndido para a preservação de fósseis. No entanto, constata-se uma carência de informações sistemáticas sobre a ocorrência desses registros em cavernas brasileiras. Diante disso, este estudo propôs mapear e caracterizar as cavidades naturais com ocorrência paleontológica em todo o país. A metodologia incluiu uma revisão detalhada do arcabouço intelectual, com foco em pesquisas publicadas na última década, coleta de metadados geoespaciais e tabulação dos dados. Com o conteúdo, criou-se um banco de dados que, após análise e interpretação, resultou na plotagem de gráficos e um mapa de registros como produto final. Os resultados mostraram que as palavras-chave "Caverna; Paleontologia" resultaram em 56,1% dos achados. 75,6% das cavernas com fósseis são encontradas em calcário, e o Grupo Bambuí apresentou os maiores casos de registros. A maioria dos fósseis indica idades Quaternárias e são de mamíferos da megafauna. A Bahia foi o estado com mais publicações sobre o tema, e o hotspot encontra-se no município de Campo Formoso. As regiões Norte e Sul apresentaram carência de pesquisas sobre o assunto. A pesquisa concluiu que é necessário incluir mais dados geológicos de campo em trabalhos futuros e que a probabilidade de ocorrência de cavernas em rochas magmáticas pode ser maior do que o proposto atualmente. Ademais, os resultados apontam para possíveis novas cavernas e sugerem a atualização de dados geoespaciais e a criação de uma plataforma online para compartilhamento de dados científicos.

Biografia do Autor

Welberth Pereira Pimenta, UFMG

UFMG

Daniela Teixeira Dutra, Universidade Federal do Ceará - UFC

Formada em Geologia pela Universidade Federal do Ceará - UFC, onde exerceu atividades no Laboratório de Paleontologia nos anos 2018 e 2019, com o projeto de pesquisa para Tombamento da Coleção Paleontológica da UFC, atuando também no Laboratório de Geologia Marinha e Aplicada (LGMA) e Geoquímica Ambiental no ano de 2022, executando Coleta de amostras (água e sedimentos), análises químicas e granulométricas. Participou do Projeto de Avaliação da Diversidade Paleontológica do Ceará, realizando pesquisas bibliográficas sistemáticas com foco na flora paleontológica do estado do Ceará. Além disso, colaborou como monitora, auxiliando os alunos no Laboratório de Química Geral e Inorgânica e nas disiciplinas de Aerofotogrametria, Sedimentologia e Petrologia Sedimentar. Foi aluna de disiciplinas extracurriculares de Química Ambiental e Direito Ambiental da UFC. Exerceu atividades em projetos de Hidrologia e Geodiversidade. Ademais, foi membro da empresa júnior do Curso de Geologia da Universidade Federal do Ceará-GEOCAPTA. Possui um breve conhecimento em áreas relacionadas a Prospecção Mineral, Métodos de Lavra e Mineração. Tem como interesse as áreas de Geologia Ambiental, Hidrologia, Geologia Médica, Licenciamento Ambiental e Perícia Ambiental

César Ulisses Vieira Veríssimo, Universidade Federal do Ceará - UFC

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Pará (1985), mestrado em Geologia Regional pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1991), doutorado em Geologia Regional pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999) e pós-doutorado no Instituto de Geociências da UnB em 2009. Atualmente é professor Titular da Universidade Federal do Ceará estando lotado no Departamento de Geologia e Centro de Ciências da UFC. Foi coordenador do Programa de Pós-graduação em Geologia entre 2004 e 2008, Sub-Chefe entre 2010 e 2013 e Chefe do Departamento de Geologia entre 2014 e 2018. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geologia Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: Tipologia de Minérios de Ferro e Manganês, Geotécnica, Geologia Estrutural Aplicada, Carste e Espeleogênese, Morfogênese e Intemperismo, Geoarqueologia.

Wellington Ferreira da Silva Filho, Universidade Federal do Ceará - UFC

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Ceará (1992), mestrado acadêmico em Geociências (Geoquímica e Geotectônica) pela Universidade de São Paulo (1998), mestrado profissional em Gestão da Educação Superior pela Universidade Federal do Ceará (2011) e doutorado em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2004). Professor Titular da Universidade Federal do Ceará, no Curso de Graduação em Geologia e do Programa de Pós-Graduação em Geologia. Foi chefe do DEGEO-UFC (2006-2008), Coordenador do Curso de Graduação em Geologia (2008-2012) e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geologia (2015-2017). Desenvolve pesquisas em geologia sedimentar, tectônica e geoconservação, nas bacias Araripe, Ubajara e Jaibaras. Faz parte da equipe brasileira da parceria entre a Universidade Federal do Ceará e o Instituto Senckenberg (Frankfurt/Dresden-Alemanha), voltado para pesquisas paleobotânicas e tafonômicas no Geopark Araripe. É coordenador do projeto de extensão "PEDRAS E GENTE: DIÁLOGOS ENTRE UNIVERSIDADE E SOCIEDADE ATRAVÉS DA POPULARIZAÇÃO DA GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA" (PROEXT-PG/UFC/CAPES/SESU).

Iris Pereira Gomes, Serviço Geológico do Brasil - SGB

Possui graduação (2025), mestrado (2008) e doutorado (cursando) em Geologia, pela Universidade Federal do Ceará-UFC. Atualmente é geóloga do Serviço Geológico do Brasil-SGB. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Mapeamento e Patrimônio Geológico.

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Publicado

01-08-2025

Como Citar

Pereira Pimenta, W., Teixeira Dutra, D., Ulisses Vieira Veríssimo, C., Ferreira da Silva Filho, W., & Pereira Gomes, I. (2025). CIENCIOMETRIA APLICADA À PALEONTOLOGIA EM UNIDADES ESPELEOLÓGICAS BRASILEIRAS. REVISTA GEOGRÁFICA ACADÊMICA, 19(1), 39–61. Recuperado de http://revista.ufrr.br/rga/article/view/8521