Análise da Judicialização do Direito à Saúde, Subfinanciamento do setor e Políticas Públicas: Estudo de Caso no Estado de Alagoas

Autores

  • Dartagnan Ferreirra de Macêdo Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
  • João Antônio da Rocha Ataide Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
  • Antonio Carlos Silva Costa Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
  • Waldemar Antonio da Rocha de Souza Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
  • Luciana Peixoto Santa Rita Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

DOI:

https://doi.org/10.18227/2237-8057rarr.v5i2.2949

Palavras-chave:

Direito à Saúde, Judicialização, Políticas Públicas de Saúde, Financiamento da Saúde, Administração Pública

Resumo

As demandas judiciais referentes à exigência do cumprimento do Direito Universal à Saúde, conforme prevê a Constituição Federal de 1988, aumentaram nos últimos anos. Também se registra que o financiamento público do setor é insuficiente para abarcar a abrangência do texto constitucional, decorrente de limites orçamentários para a implementação das políticas de saúde. Este artigo objetivou analisar o processo de judicialização da saúde, observando as implicações e impactos para a Administração Pública e, especificamente, para a gestão de políticas públicas. Para tanto, organizou-se uma pesquisa qualitativa, por meio de estudo de caso, analisando os dados referentes à judicialização e aos gastos da Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas (SESAU). Contatou-se uma evolução das solicitações judiciais, principalmente buscando acesso a medicamentos, mediante ações da Defensoria Pública e Ministério Público, e que os gastos ultrapassaram 100 milhões de reais, entre 2009 e 2014. Desta forma, apesar das tentativas de minimização do impacto gerado, com a criação de um Núcleo Interinstitucional objetivando mitigar os efeitos da judicialização, é necessário implementar políticas públicas de saúde para a coletividade e avaliar a eficiência e efetividade das existentes. Contudo, ilustrou-se o subfinanciamento e a gestão ineficaz do Sistema Único de Saúde (SUS), dificultando a operacionalização das alternativas de soluções.

Biografia do Autor

Dartagnan Ferreirra de Macêdo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Mestrando em Administração Pública - PROFIAP/UFAL. Especialista em Gestão em Saúde Pública pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Professor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL).

João Antônio da Rocha Ataide, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Mestrando em Administração Pública - PROFIAP/UFAL. Especialista em Gestão Pública pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).

Antonio Carlos Silva Costa, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Waldemar Antonio da Rocha de Souza, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Livre-docente pela Universidade de São Paulo - USP/ESALQ. Doutor em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Luciana Peixoto Santa Rita, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC), Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

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Publicado

31/12/2015

Edição

Seção

Administração de Empresas (Business Administration)