HERBÁCEAS AQUÁTICAS EM SEIS IGAPÓS NA AMAZÔNIA CENTRAL: COMPOSIÇÃO E DIVERSIDADE DE GÊNEROS
Resumo
As herbáceas aquáticas são componentes estruturais dos corpos de água amazônicos e de suas áreas alagáveis.
Elas propiciam abrigo e alimento para organismos da biota aquática, enriquecem nutricionalmente os
ambientes e sua ocorrência e abundância estão relacionadas às propriedades físicas e químicas dos diferentes
corpos de água da região, que refletem a geologia de suas áreas de captação. Neste estudo foi estabelecida e
analisada a riqueza de gêneros de herbáceas aquáticas e sua distribuição em seis igapós de água preta na
Amazônia Central; esses resultados foram comparados àqueles disponíveis na literatura para áreas de várzea
também da Amazônia Central. Os resultados foram obtidos por meio de inventários realizados entre os anos
de 2007 e 2013 nos rios Negro, Jaú, Jufari, Acará, Água Boa do Univiní e Cuiuni. Foram amostradas 106
parcelas retangulares de 100 x1 m distribuídas nos seis pontos amostrais (10 a 29 parcelas por ponto). O
levantamento florístico revelou 63 gêneros distribuídos em 25 famílias botânicas, predominando as famílias
Cyperaceae, Poaceae e Araceae. A composição de famílias teve apenas 17% de semelhança com o inventário
disponível para a várzea próxima a Manaus. As áreas também apresentaram alta dissimilaridade
compartilhando apenas três gêneros, Scleria, Montrichardia e Paspalum. As áreas de igapó estudadas, da
mesma forma que aquelas de várzea registradas na literatura são reguladas pelo pulso de inundação,
entretanto, as águas ácidas e pobres em nutrientes típicas das áreas de igapó inventariadas podem explicar a
baixa diversidade do igapó, bem como a baixa similaridade de espécies entre os dois ecossistemas. A presença
de uma composição de herbáceas aquáticas diferenciada daquela de outros ecossistemas alagáveis amazônicos
pode resultar de uma alta especialização a ambientes extremos.