Depressão pós-parto: uma análise de fatores predisponentes em mulheres internadas numa maternidade de Boa Vista – RR

Autores

  • Carollina S. Bezerra Curso de Medicina, Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil
  • Wilson L. Junior Curso de Medicina, Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil
  • Laila S. Garro Curso de Medicina, Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.18227/hd.v3i2.7443

Palavras-chave:

Depressão, período pós-parto, escala de depressão pós-parto de Edimburgo

Resumo

Introdução: Os transtornos depressivos (TD) assumem a quarta posição como fatores determinantes para outras doenças. Uma das formas conhecidas de TD é a depressão pós-parto (DPP) que tem prevalência entre 10 a 20% da população. Tal discrepância deve-se a diferenças socioculturais e nos métodos de estudo. Ao passo que a escassez de conteúdo e estudos sobre o tema, torna eminente a necessidade de enfatizar, rastrear e melhor conduzir a DPP. Objetivo: Rastrear a presença de sintomas depressivos em puérperas e analisar o perfil clínico-epidemiológico (fatores socioeconômicos, clínico-obstétricos e psicossociais) dessas mulheres. A partir desses dados, fazer uma análise dos fatores predisponentes possivelmente envolvidos no desenvolvimento da DPP. Métodos: Estudo de corte transversal, prospectivo, de caráter quantitativo e descritivo, realizado com total de 60 puérperas internadas no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré. Foi utilizado um questionário contendo informações sobre o perfil clínico-epidemiológico e, além disso, todas as participantes do trabalho também responderam as questões relacionadas à Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS) para identificação de sintomas depressivos. Resultados: A presença de puérperas com sintomas depressivos, segundo a pontuação obtida no EPDS, foi de 25%. Estresse durante a gestação (p 0,009), depressão prévia pessoal (p 0,029) e negação à gravidez (p 0,000) mostraram-se possíveis fatores predisponentes para o desenvolvimento da DPP. Conclusão: A alta prevalência de pacientes identificadas com possível depressão pós-parto, encontrada no presente estudo, reforça a necessidade de encarar a DPP como problema de saúde pública no Brasil. A EPDS poderia ser utilizada como ferramenta de rastreio das puérperas. As estratégias de prevenção e investigação tornam-se essenciais para diminuir a prevalência da doença no puerpério, o que poderá diminuir o impacto direto nas relações familiares, na qualidade da relação entre mãe e filho (a) e no agravamento dos sintomas a médio e longo prazo.

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Publicado

26/12/2019

Como Citar

Bezerra, C. S. ., Junior, W. L., & Garro, L. S. (2019). Depressão pós-parto: uma análise de fatores predisponentes em mulheres internadas numa maternidade de Boa Vista – RR. Revista Saúde & Diversidade, 3(2), 93–98. https://doi.org/10.18227/hd.v3i2.7443

Edição

Seção

Artigos