A migração intraregional entre países fronteiriços vem se caracterizando pelos deslocamentos
mais frequentes e até mesmo diários ou semanais, de pessoas que transitam e cruzam as fronteiras
de um país e outro. São pessoas que mantêm fortes vínculos com o lugar de origem, mas também reorganizam
novos vínculos afetivos e familiares nos lugares de trânsito ou de trabalho. A família neste
cenário torna-se um projeto que é constantemente construído e reavaliado pelos seus membros, com
vistas a atualizar estratégias de proximidade. Neste sentido, o presente trabalho visa apresentar notas
de pesquisas a respeito da constituição da família transnacional formada por brasileiros(as) que vivem
e transitam na transfronteira Brasil/Venezuela e a construção das noções de paternidade e maternidade
definidas a partir das estratégias de proximidade e distanciamento. Pretende-se, ainda, analisar
o mecanismo pelos quais as identidades de gênero são ressignificadas no âmbito familiar, tendo por
base o processo de interação social entre diferentes grupos nacionais, marcado por um espaço de
conflito e negociação de poder.