POLÍTICA DE DIVIDENDOS E O CICLO DE VIDA ORGANIZACIONAL: EVIDÊNCIAS DAS COMPANHIAS LISTADAS NA B3

Autores

  • Carolina Carvalho Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Ismael Paulo Heissler Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Fernanda Gomes Victor Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Arthur Frederico Lerner Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

DOI:

https://doi.org/10.18227/2237-8057rarr.v10i0.6044

Palavras-chave:

política de dividendos, ciclo de vida organizacional, fluxo de caixa, companhias brasileiras de capital aberto

Resumo

A política de dividendos abrange as decisões das companhias sobre a remuneração aos seus acionistas, o quanto será distribuído e o quanto irá ser reinvestido de seus rendimentos. Diversas pesquisas buscam determinar os principais fatores que levam as empresas a pagar ou deixar de pagar dividendos. O objetivo deste estudo é avaliar a relação entre a política de dividendos e o ciclo de vida organizacional, mapeados conforme os diferentes comportamentos (sinais positivos ou negativos) dos componentes dos fluxos de caixa das atividades operacionais, de financiamento e de investimento, segundo o modelo de Dickinson (2011). A amostra totalizou 145 companhias com ações negociadas na B3 e compreendeu o período de 2008 a 2016. As análises foram efetuadas por meio de regressão modelo tobit, com dados em painel não balanceados, para duas variáveis dependentes distintas: dividend payout e dividend yield. Os resultados demonstram indícios de relação da política de dividendos com as três etapas iniciais do ciclo de vida, nascimento, crescimento e maturidade. As etapas de nascimento e crescimento apresentaram significância negativa para o yield, corroborando com o estudo de Mueller (1972). A terceira etapa, maturidade, apresentou relação positiva para os testes com as duas variáveis de interesse, o que reafirma os estudos de Miller e Modigliani (1963) e Anthony e Ramesh (1992), de que empresas no estágio de maturidade tendem a ter um acréscimo no pagamento de dividendos em relação àquelas em fases iniciais; por outro lado, refutam o estudo de Miller e Frisen (1984) que demonstra que os estágios de maturidade, assim como declínio, indicam características mais conservadoras das companhias, e pagam menos dividendos. As demais significâncias encontradas reafirmaram os resultados esperados para tais variáveis.

Biografia do Autor

Carolina Carvalho, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Mestra em Controladoria e Contabilidade na Universidade Federal do Rio Grande do Sul [UFRGS] (2019).

Ismael Paulo Heissler, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Mestre em Controladoria e Contabilidade na Universidade Federal do Rio Grande do Sul [UFRGS] (2019). Especialista em Controladoria. Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente Coordenador Contábil na GERDAU S.A. Profissional com mais de dez anos de experiência na área contábil, sendo cinco anos em multinacional (área de controladoria e contabilidade societária/legal). Experiência internacional. Participação em projeto de implementação do ERP SAP. Também possui conhecimento de rotinas contábeis de pequenas e médias empresas (área contábil e fiscal).

Fernanda Gomes Victor, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Professora do PPG em Ciências Contábeis e Controladoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), doutora em Administração, na área de concentração Contabilidade e Finanças pela Escola de Administração da UFRGS. Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Graduada em Ciências Contábeis pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Possui experiência docente nas disciplinas de Contabilidade Geral e Introdutória, Teoria da Contabilidade, Contabilidade de Custos, Contabilidade Societária e Análise das Demonstrações Contábeis para os cursos de Engenharia Civil e Mecânica Empresarial, Engenharia de Alimentos, Ciências Econômicas, Administração de Empresas e Ciências Contábeis. Possui também experiência em curso de Pós-Graduação, na área de finanças, e ensino a distância.

Arthur Frederico Lerner, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Mestre em Controladoria e Contabilidade na Universidade Federal do Rio Grande do Sul [UFRGS] (2019). Bacharel em Ciências Contábeis pela UFRGS (2016). Atuação profissional como auditor externo por 1 ano em empresa Big Four e 1 ano em empresa de pequeno porte principalmente no segmento de indústrias e comércio. Já atuou no setor público (IBGE, Correios e Trensurb) e morou nos Estados Unidos. Pesquisador do Grupo de Estudos em Contabilidade Societária e Informações para Usuários Externos (UFRGS), atuando com os temas: Normas Brasileiras e Internacionais de Contabilidade (NBC/IFRS), Mercado de Capitais e Finanças. Pesquisador do Grupo de Estudos em Auditoria/UFRGS, atuando com o tema: Relatório do Auditor Independente. Tem interesse por Análise de Dados, Métodos Quantitativos, Finanças, Mercado de Capitais, Contabilidade para Usuários Externos, Gestão de Negócios, Empreendedorismo e Auditoria.

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Publicado

12/05/2021

Edição

Seção

Administração Financeira (Financial Administration)