Chuvas erosivas na Amazônia

a utilização de dados CHIRPS para determinação da erosividade das chuvas no município de Codajás, Amazonas

Authors

DOI:

https://doi.org/10.18227/2177-4307.acta.v19i53.8698

Keywords:

Erosividade, CHIRPS, Amazônia, Codajás

Abstract

O presente artigo analisa a erosividade das chuvas no município de Codajás, estado do Amazonas, com base em dados pluviométricos do produto CHIRPS 2.0, no período de 1993 a 2023. A pesquisa tem como objetivo quantificar o potencial erosivo das chuvas, visando integrar modelos preditivos para perda de solos, e consequentemente auxiliar no subsídio para diretrizes para medidas conservacionistas para conservação dos solos. A metodologia incluiu o uso da equação para cálculo da erosividade mensal e anual, seguida de interpolação espacial dos dados por meio da krigagem ordinária. A validação dos dados indicou alta correlação entre as estimativas CHIRPS e as medições da estação meteorológica do INMET (R² = 0,9593). Os resultados apontam que os meses de março e abril apresentaram os maiores índices de erosividade, com valores superiores a 1600 MJ mm ha⁻¹ h⁻¹ mês⁻¹, enquanto os meses de julho a outubro concentraram os menores índices (<800 MJ mm ha⁻¹ h⁻¹ mês⁻¹). A análise espacial revelou que 36% da área do município apresenta erosividade anual superior a 12.500 MJ mm ha⁻¹ h⁻¹ ano⁻¹, classificando-se como de vulnerabilidade muito alta à erosão hídrica. A identificação de padrões sazonais e espaciais da erosividade pode contribuir para a formulação de políticas públicas e ações conservacionistas direcionadas aos períodos e áreas de maior suscetibilidade ao desencadeamento de processos geodinâmicos nessas áreas. Os resultados ressaltam a importância do monitoramento climático integrado à gestão territorial em regiões na Amazônia brasileira, como o Médio Solimões, onde está localizado o município de Codajás.

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Author Biographies

João Cândido André da Silva Neto, UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

Atualmente é professor Adjunto do Departamento de Geografia e Programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Amazonas, integra o Laboratório HidroGeo - Hidrogeografia, Climatologia e Análise Ambiental da Amazônia . Coordenou o Comitê de iniciação científica de Ciências Humanas da UFAM. Atuou como editor chefe da Revista Geonorte UFAM de 2017 a 2021. Possui graduação em Geografia pela UFMS/CPAQ (2005), Mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul CPAQ (2008) e Doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Presidente Prudente (2013) e Pós-doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Tem experiência na área de Geografia Física, com ênfase em Vulnerabilidade Ambiental, Modelagem ambiental, Risco socioambiental, Análise Ambiental em bacias hidrográficas, Mudanças do uso e cobertura da terra, Geotecnologias, Sistema de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto.

Nathália da Costa e Costa, Universidade Federal do Amazonas

Graduada em licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM),  mestranda em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), bolsista de mestrado FAPEAM. Membro do laboratório de Hidrogeografia, Climatologia e Análise Ambiental da Amazônia (HIDROGEO),participou do Programa de Bolsas de Iniciação Cientifica - PIBIC com os temas: Dinâmica do uso da terra e cobertura vegetal na estrada Codajás-Anori, AM (2021-2022) e Potencial à erosão laminar na estrada Codajás-Anori, AM (2022-2023). Áreas de interesse: geoprocessamento, mudanças da paisagem, uso da terra e cartografia. 

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Published

01/12/2025